terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Palavras


Deitada aqui, no chão do meu quarto, o mundo não mais parece aquele barato. É que falta sei lá o quê, que me completa sei lá onde. Me falta liga, me falta algum tipo de razão.
Que se fodam as rimas, que se fodam os escrúpulos, se tanto eu comigo ainda luto, tentando saber se devo ou não falar. Mas, do que adiantaria encher-te com meus “olás”? Eles não são feitos de ferro e fogo, então seriam incapazes de te marcar; e eu não sou uma aparição, para ser considerada inesquecível; tampouco para ti sou indispensável como a água.
Sei lá o que tanto penso, sei lá porquê tanto penso. O motivo se perdeu em alguma esquina sombria de minha cabeça, ou em algum buraco profundo do meu coração.
Só queria que tudo o que me disse fosse verdade, de alguma forma, ainda que retorcida. Queria que todas aquelas palavras que saíram de nossas bocas tivessem sido sacramentadas ou até mesmo gravadas, para que eu pudesse saber que não tinha sonhado nenhum pouco.
É que eu ainda tenho essa dúvida: será que meus ouvidos ouvem tanto quanto o meu coração? Porque, juraria de pés juntos que ouvi palavras demais saindo por aí...
E é sempre assim, não é? As palavras são belas e bonitas, mas os atos são medidos e quase que inexistentes. Eu não entendo essa mania que as pessoas frequentemente possuem, de falar coisas por falar, pelo bel-prazer de deixá-las gravadas em nossas mentes, pela simples e bela vontade de nos fazer posteriormente pensar onde foi que as palavras se perderam no vento.
A verdade é que no final é sempre assim: eu sozinha, deitada no chão do meu quarto, escrevendo meu coração e falando coisas que, para muitos, não tem o menor nexo, mas que para mim fazem o maior sentido do mundo.


Um comentário:

Raphael Trew disse...

Ainda presa a palavras antigas?!
Apenas uma voz mais forte poderá abafar o eco destas palavras que te prende ao chão.
Voz que talvez não esteja querendo ouvir.
Os grilhões do passado são doces, e a liberdade do presente é amarga.
A liberdade de um passado doce é o amargo da realidade.