quinta-feira, 15 de julho de 2010

O túmulo

Visitando aquele túmulo que há tempos não visitava, olhou para a flor roxa, deslocada no cenário preto e branco. O vento uivava pedindo abrigo, aconchego e proteção. Era isso que o vento queria. Ela também o queria.
Todos os nós do destino, de tão emaranhados, pediram para serem contados. E foram. Uma lagrima caiu de seu olho. Apertando o casaco preto em seu peito e arrumando a touca em sua cabeça sentou-se para passar alguns minutos ao lado do túmulo cinza.
Vazio. Vazio era o que sentia."Por que me abandonaste?" se perguntava "não era suficiente todo amor que um dia lhe dei?"
Duvidas. Duvidas era o que restávam. Não era para ser ele. Era ela quem deveria estar dentro daquele carro amarelo. Não ele. Não era ele quem o destino pedira a vida, era a dela.
Flashes passavam por sua cabeça. O caminhão desgovernado. O carro rolando do penhasco. O fogo que se alastrou por dentro de toda aquela floresta. A vida de sua vida sendo consumida pelo fogo. Não suportava aquela dor...
Soluços pesados se juntaram a sua mais sincera manifestação de dor. O vento uivava e corria por todo cemitério resfriando todo aquela cena fúnebre. E sozinha ela ficou, presa na cena tristemente colorida de preto em branco.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Amigo-Mar

O sol cruzava lentamente a linha do horizonte em direção ao negrume estrelado à cima. O mar aos poucos despervatava de seu sono e se iluminava com a beleza gradualmente fúcsia daquele novo dia.
Enquanto isso, deitada em seu leito acolchoado, ela sonhava linda e tranqüilamente com a cena que acontecia logo à uma janela de distancia. Acordou.
As ondas cresciam a medida que o dia começava a clariar, enquanto as estrelas, submersas em toda aquela beleza, desapareciam. Era triste vê-las ir embora de una cena tão magica, mas elas certamente estariam brilhando do outro lado deste incrível cosmo. E ele as veria.
Gelando seus pés descalços na areia branca e gelada, a metade sã -e não destruida- de sua alma se alegrava. Havia tamanha beleza no amanhecer? Havia tamanha beleza no mar.
Chegando perto do lindo e maravilhoso mar ela sentiu intensamente o salgado cheiro que o acompanha e que a toca mesmo estando a milhares de quilômetros. Tocou, como que pedindo permissão, os pequenos pés em seu amigo.
Uma corrente de calma e certeza passou por seu corpo, iluminando o dia intensamente. Sempre foi assim que ela fazia para resolver e entender seus problemas, e hoje não seria diferente.
Sentou-se à beira de seu amigo-Mar - não muito longe, o suficiente para toca-la a cada quebrada de onda- e ali, para o Mar e o nada, ela contou todos os medos que a assolava. Pois o Mar era o seu melhor amigo.