segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sono, olheiras e final feliz

Um dia, acordou logo cedo, pela manhã. Lavou o rosto, olhou-se no espelho e deparou-se com sua imagem sonolenta pelas horas mal dormidas por culpa dele. Ah, era sempre culpa dele! Ela dava a ele tudo que possuía e ele, coitada, nem ligar ligava.

Ao deparar-se com a verdade uma luz iluminou-lhe a face. Não, não era luz solar. Não, não era luz artificial, tampouco. Era a luz da compreensão.

E, daquele dia em diante, deixou de sentir tudo que lhe sentia, deixou de prender-se a quem não se prendia e deixou, principalmente, de amar a quem não devia. Bem-ditas foram-lhe aquelas olheiras. Bem-aventurado ficou sua sanidade mental. E bem-amada jurou amar-se.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Incerto




















Deitada, imersa, em minha solidão

É engraçada a forma como sempre me pergunto:

“Será que você sente?”

E aí eu olho as estrelas, elas são promessas.

São promessas de um futuro que eu jurei ter,

Promessas do que jurei sentir, e do que sinto.

São certezas daquele passado tão inocentemente lindo.


É estranha a forma como tudo me lembra você,

É contradição, é incerteza e talvez seja erro.

Eu me perco sentindo você tão distantemente perto,

Eu me encontro acreditando naquele futuro onde encontrar você é incerto.

E eu me lembro de cada detalhe todos os dias, é como rotina.

Mas já não dói mais. A dor se foi. Por que a dor se foi?

Será que, algum dia, eu deixarei de sentir também?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Borboletas de uma tarde de verão.

Cruzei o parque naquela tarde simplória e nada especial de domingo. Não esperava encontra-lo, pois havia, há muito, desistido de esperar um reencontro repentino e magico. Mas aquele olhar me prendeu. Foi como olhar, depois de 500 anos, novamente para o céu estrelado.

Os cabelos cacheados e negros não sustentavam mais as perfeitas molas de marfim, mas o sorriso ainda era o de sempre, e o sentimento que aquela visão me causava ainda era a mesma, apenas tivera o cenário envelhecido. Ao me ver a surpresa estampou-se em seu rosto. Eu quase pude ouvi-lo pensar sobre isso em alto e bom som. Meu sorriso foi imediato, assim como dele.

Borboletas revoltosas embrulharam meu estômago e eu me senti, mais uma vez, a grandeza daquele sentimento que não poderia, jamais, ser morto. Palavras e gestos vieram à tona.

E um flash de lembrança deu-se em minha mente: A amizade pura; as tardes maçantes; as manhãs luminosas; os sorrisos; a compreensão; o começo de uma história; o primeiro beijo; o ultimo beijo e o fim.

As lagrimas assolaram meus olhos. Ele estava ali, por incrível que pareça, ele estava ali. Será que ele me acharia inconveniente por encontra-lo sem querer? Será que ele se lembrava das nossas promessas? Eu me lembrei de todos os textos escrevidos, porém nao enviados, para ele. Me lembrei de todas as palavras ditas em ensaios em vão.

Ao nos encontrarmos dei-lhe um abraço. Era do jeito que lembrava. Macio, quente e repleto. Olhei-lhe nos olhos e lhe desejei uma boa tarde, disse que estava com saudade. Mas não fui tão intensa quanto desejava ser. Rapidamente falamos sobre nossas vidas. Eu só gostaria de faze-lo pensar que eu não sentia mais todos aqueles sentimentos infantis. mas eu sentia.

Enquanto lhe perguntava sobre a vida me perguntava: Será que o destino nos uniria mais uma vez? Será que quando menos esperasse estaríamos juntos? Será que ele está tão inseguro quanto eu?

E a tarde se foi e eu nem vi. Agora me vejo sentada perante a janela pensando em tudo o que deveria ter sido dito, em tudo que eu deveria ter evitado falar. E eu sinto falta dele, mais uma vez.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sobre o tempo e as coisas que não sei

O dia passava acelerado e impetuoso diante àqueles olhos verdes, aqueles olhos que outrora transbordavam felicidade. O fim do dia lhe mostrava que era o fim, o tão esperado e temido fim. Mas seria este realmente o fim? Porque todo o fim é o começo de algo novo.

Dizem que a relatividade do tempo é o que traz a beleza do momento, dizem que a vida é aquela coisa bela que quando paramos para ver já passou. É incrível como os sentimentos mudam com o tempo, aquelas lembranças que outrora foram angustiantes hoje em dia chegam a fazer sorrir. É contraditório o modo como as pessoas sentem.

Eu acho difícil me entender perante a incógnita da vida, é difícil nunca se contradizer ou nunca sentir o que nunca esperou sentir. O posicionamento que as pessoas nos exigem, muitas vezes, exisgem muito mais de nós do que o que sabemos que existe. Porque somos assim, uma grande contradição, uma caixinha de surpresas. E eu, certamente, sou um bolo gigantesco de confusão.

Nunca mais sentiremos a pureza do primeiro amor, nunca mais sorriremos pela primeira vez e, infelizmente, nunca mais poderemos descrever com precisão todas aquelas terríveis e temíveis primeiras experiências. Porque na vida o caminho que nos leva não é o mesmo que nos traz.