Deitada
aqui, no chão do meu quarto, o mundo não mais parece aquele barato. É que falta
sei lá o quê, que me completa sei lá onde. Me falta liga, me falta algum tipo
de razão.
Que
se fodam as rimas, que se fodam os escrúpulos, se tanto eu comigo ainda luto,
tentando saber se devo ou não falar. Mas, do que adiantaria encher-te com meus
“olás”? Eles não são feitos de ferro e fogo, então seriam incapazes de te
marcar; e eu não sou uma aparição, para ser considerada inesquecível; tampouco
para ti sou indispensável como a água.
Sei
lá o que tanto penso, sei lá porquê tanto penso. O motivo se perdeu em alguma
esquina sombria de minha cabeça, ou em algum buraco profundo do meu coração.
Só
queria que tudo o que me disse fosse verdade, de alguma forma, ainda que retorcida.
Queria que todas aquelas palavras que saíram de nossas bocas tivessem sido
sacramentadas ou até mesmo gravadas, para que eu pudesse saber que não tinha
sonhado nenhum pouco.
É
que eu ainda tenho essa dúvida: será que meus ouvidos ouvem tanto quanto o meu
coração? Porque, juraria de pés juntos que ouvi palavras demais saindo por
aí...
E é
sempre assim, não é? As palavras são belas e bonitas, mas os atos são medidos e
quase que inexistentes. Eu não entendo essa mania que as pessoas frequentemente
possuem, de falar coisas por falar, pelo bel-prazer de deixá-las gravadas em
nossas mentes, pela simples e bela vontade de nos fazer posteriormente pensar
onde foi que as palavras se perderam no vento.
A
verdade é que no final é sempre assim: eu sozinha, deitada no chão do meu
quarto, escrevendo meu coração e falando coisas que, para muitos, não tem o
menor nexo, mas que para mim fazem o maior sentido do mundo.