domingo, 13 de novembro de 2011

Arrependimentos

Cansei de chuva, cansei de vento, cansei de sol, cansei de ficar ao relento. Cansei de me sentir sempre assim, cansei também de ser sempre assim. Chegou a hora de notar que não vale, e nunca valeu, a pena chorar. É que, às vezes, eu nem me importo tanto assim. Outras vezes, eu apenas me sinto triste. Mas na maioria delas, eu só gostaria de poder não ter estado lá, para assim jamais ter porquê me apaixonar.
Você disse tanta coisa que eu nunca acreditei, mas eu escolhi acreditar no que era não dito, eu preferi acreditar no que estava subentendido. O meu erro foi que não havia nada subentendido sobre uma chance de um eu e vc. E eu me deixei acreditar, mesmo sem admitir. E você me deixou acreditar. 
O meu erro não é seu. Eu sempre agi com você exatamente da forma como e queria agir. Eu sempre tive você quando eu quis. Eu pensei que, sendo assim, eu nunca ia realmente me importar. Eu achei que ao não querer, realmente, algo bom, tranquilo e sincero fosse acontecer. O erro foi não levar em consideração quem você é.
Acho que um dia te pedirei desculpas, por ter agido como eu bem quis com você. Eu não merecia isso, e você não merecia essa confiança. O engraçado é que, como sempre, no final sou apenas eu sofrendo sozinha, por alguem que nem sabe o que esta acontecendo.

Liberdade

Liberdade, leveza, inspiração. O que é? Pra onde ir? Para quê serve? Por que lutar por?
E aí você me pergunta o que eu faria se os tivesse. O que eu faço quando os tenho. Mas eu os tenho? Será que não é, apenas e tão somente, um estado de espírito? Será que não é, assim como a felicidade, uma maneira de viver e não apenas um objetivo a se lutar por? Será que não é um caminho e não um lugar?
Tal qual uma borboleta que voa pelos campos, parando de flor em flor, você deve saber que toda a liberdade, toda a leveza e toda a inspiração necessita de ponderação, necessita de virtudes e contrapesos para que, então, você consiga domá-los, para que você possa ser dono de si, ser dono do que é seu.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

De repente

De repente, não mais que de repente. Me perco na intensidade da solidão, me perco no vazio dos meus eus. De repente, não mais que de repente o certo vira errado, e o nada me controla. De repente, não mais que de repente eu encontro as rimas que deixei se perderem na intensidade da minha solidão.
E não vale mais me dizer que contigo eu posso contar, porque agora eu sei que se eu preciso de alguém pra confiar, eu tenho a mim mesma. E não vale mais dizer que nada mais é como antes, porque é. Tudo é como sempre foi, apenas a brisa da ilusão que se dissipou...
De repente, não mais que derrepente eu me perco no caminho que escolhi pra mim, me perco nos becos escuros de minha alma, me perco nas escruzilhadas do meu destino.
De repente, não mais que de repente eu me olho no espelho e vejo uma estranha me olhando. Eu olho ao me redor e me vejo cercada de sonhos e esperanças inalcansaveis. Me vejo perdida.
De repente. Não mais que de repente.
E não adianta me iludir, e não adianta me dizer que as vezes o meu eu lírico fala por mim, que as vezes eu distorço o que sinto só pra poder impressionar. Eu não quero impressionar, só quero ficar aqui vendo e sentindo a minha solidão. Contemplando o monstro que criei para escconder minha frágil vunerabilidade em relação ao mundo. E de repente, não mais que de repente, eu me dou conta de tudo isso...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sempre Assim

Morro de vergonha de encontrar seus olhos,
E quando você passa eu procuro você por onde foi.
É sempre assim essa história,
É sempre fingir e fugir.

E quando eu falo com você, é outra pessoa quem responde,
Não eu, não falo por mim.
É sempre assim, eu chego e você precisa ir.
É sempre assim, você sai e eu me pergunto o que pensas de mim.

Meus olhos sempre encontram você em qualquer recinto,
Eu sempre me pergunto se devo ou não devo falar com você.
É sempre quente o seu beijo de despedida, sempre me faz querer mais.
É sempre um "adeus", nunca um "olá".

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Viver para respirar

Passou os dedos pequenos pela antiga mesa de madeira, fazendo com que toda a poeira que ali havia se prendesse em seus dedos. Aquela era a poeira de todos aqueles anos gastos em repetições de lembranças, dor e incompletude. A casa estava vazia, visto que estivera fechada há muito tempo. Fechada, mas nunca abandonada: as pessoas não abandonam as lembranças que amam.

Olhou pela janela de vidro, através da sacada e muito além da estrada que terminava em curva. Os campos que torneavam aquela estrada ainda eram verdes, mesmo depois de todos aqueles anos. A imagem dele partindo se fez em sua mente: a histeria que ela sentiu, a raiva, a dor, o medo e a solidão; todos os sentimentos que ainda a assolavam tão cruelmente. Parecia que fora ontem que ele partiu; parecia que fora ontem que ele a tinha feito em pedaços...

Fechou seus olhos com os fantasmas da lembrança. Aquele fora, realmente, o fim. Hoje ela tinha certeza, não haveria mais capítulos remanescentes naquela história, as suas vidas tomaram outros caminhos, caminhos opostos e completamente distintos. Hoje em dia ela tinha uma filha, um genro e um marido a compreendia. Mas o vazio ainda lhe preenchia o peito.

“Eu sinto muito, mas não dá mais...” - Ele dissera. E as palavras ainda cortavam, como pontas de facas que deixavam subentendidas todas as frases não ditas, com toda a história que lhe machucava.

Ela se lembrou da caixa de papelão, a caixa que ela ainda odiava com todas as forças de seu ser. Fora naquela caixa em que ele colocara todas as coisas que lhe pertenciam enquanto partia para longe. Fora aquela caixa que levera o seu coração.

Abriu os olhos e caminhou por aquela sala, sentiu as lembranças que aquela casa lhe passara. Trinta e dois anos se foram desde aquele dia e, ainda, havia a dor da lembrança. Mas a sua vida seguiu, a vida sempre continuou seguindo. O fim daquela história não era, necessariamente o seu fim; porque como ela dissera há tanto tempo atrás: Ninguém precisa, necessariamente, viver para respirar.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Até o dia em que quiser voltar

As vezes me prendo a momentos que eu não vivi,

As vezes me olho em espelhos e vejo o que nunca vi.

E quando eu olho pra dentro, é tudo você dentro de mim.


Mas aí eu saio, tento me distrair,

Faço de tudo, eu tento tudo mesmo para sorrir

Eu disse que jamais irei insistir em ti.


Talvez seja mais fácil me fechar,

Talvez doa menos dormir e não sonhar

É pensando nisso que eu tento me embreagar.


E esse sentimento é tão louco

E esse nada é tão intenso

Que já nem sei mais se sinto.


Eu só sei que dentro de mim,

Uma grande metade sempre vai olhar

Para o passado que não pudemos terminar.


E até o dia em que você quiser voltar

Tudo dentro de mim ira implorar por você.

Até o dia em que você quiser voltar.

quinta-feira, 10 de março de 2011

"Antiquisse"

Acredito em finais felizes, acredito em contos de fadas, acredito em "felizes para sempre". O que eu não acredito são nas pessoas, nas promessas, nas relações afetivas que se dão em segundos.
É assustadora a forma que as pessoas, cada vez mais, dizem sentir "amor" em 3 horas de conversa e um olhar belíssimo. Dá medo pensar que as pessoas apaixonam-se e desapaixonam-se em questões de segundos. Hoje em dia, ate mesmo amar virou incerto e dinâmico.
Eu, como uma romântica idoneamente inocente, quero dias de sol, quero passeios de mãos dadas, quero um abraço significativo. Não quero mais sofrer de noite porque o "Seu Pra Sempre" não durou o tempo prometido, porque "ele", depois de alguns meses jurando amor, se desinteressou ou conheceu alguém "melhor".
Cada vez mais, a cada dia que passa, eu me vejo acreditando que deveria existir alguma espécie de Procom amoroso, alguma forma de "devolver ao remetente" todo o sentimento adquirido.
É que a vida se tornaria realmente mais fácil se todo mundo fosse sensato e pensasse menos neles próprios, pelo menos em questões sentimentais.
Eu sempre me entrego, caio de cabeça, ideológica e sentimentalmente, em tudo que faço e digo. Comigo não tem "quase", não tem um "não foi bem assim". Eu quero a verdade das pessoas, eu quero poder confiar no que me dizem. Mas parece que o mundo não é mais, ou nunca foi, como diziam ser. E talvez eu devesse voltar à séculos passados, por ser, realmente, uma jovem antiquada.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sono, olheiras e final feliz

Um dia, acordou logo cedo, pela manhã. Lavou o rosto, olhou-se no espelho e deparou-se com sua imagem sonolenta pelas horas mal dormidas por culpa dele. Ah, era sempre culpa dele! Ela dava a ele tudo que possuía e ele, coitada, nem ligar ligava.

Ao deparar-se com a verdade uma luz iluminou-lhe a face. Não, não era luz solar. Não, não era luz artificial, tampouco. Era a luz da compreensão.

E, daquele dia em diante, deixou de sentir tudo que lhe sentia, deixou de prender-se a quem não se prendia e deixou, principalmente, de amar a quem não devia. Bem-ditas foram-lhe aquelas olheiras. Bem-aventurado ficou sua sanidade mental. E bem-amada jurou amar-se.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Incerto




















Deitada, imersa, em minha solidão

É engraçada a forma como sempre me pergunto:

“Será que você sente?”

E aí eu olho as estrelas, elas são promessas.

São promessas de um futuro que eu jurei ter,

Promessas do que jurei sentir, e do que sinto.

São certezas daquele passado tão inocentemente lindo.


É estranha a forma como tudo me lembra você,

É contradição, é incerteza e talvez seja erro.

Eu me perco sentindo você tão distantemente perto,

Eu me encontro acreditando naquele futuro onde encontrar você é incerto.

E eu me lembro de cada detalhe todos os dias, é como rotina.

Mas já não dói mais. A dor se foi. Por que a dor se foi?

Será que, algum dia, eu deixarei de sentir também?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Borboletas de uma tarde de verão.

Cruzei o parque naquela tarde simplória e nada especial de domingo. Não esperava encontra-lo, pois havia, há muito, desistido de esperar um reencontro repentino e magico. Mas aquele olhar me prendeu. Foi como olhar, depois de 500 anos, novamente para o céu estrelado.

Os cabelos cacheados e negros não sustentavam mais as perfeitas molas de marfim, mas o sorriso ainda era o de sempre, e o sentimento que aquela visão me causava ainda era a mesma, apenas tivera o cenário envelhecido. Ao me ver a surpresa estampou-se em seu rosto. Eu quase pude ouvi-lo pensar sobre isso em alto e bom som. Meu sorriso foi imediato, assim como dele.

Borboletas revoltosas embrulharam meu estômago e eu me senti, mais uma vez, a grandeza daquele sentimento que não poderia, jamais, ser morto. Palavras e gestos vieram à tona.

E um flash de lembrança deu-se em minha mente: A amizade pura; as tardes maçantes; as manhãs luminosas; os sorrisos; a compreensão; o começo de uma história; o primeiro beijo; o ultimo beijo e o fim.

As lagrimas assolaram meus olhos. Ele estava ali, por incrível que pareça, ele estava ali. Será que ele me acharia inconveniente por encontra-lo sem querer? Será que ele se lembrava das nossas promessas? Eu me lembrei de todos os textos escrevidos, porém nao enviados, para ele. Me lembrei de todas as palavras ditas em ensaios em vão.

Ao nos encontrarmos dei-lhe um abraço. Era do jeito que lembrava. Macio, quente e repleto. Olhei-lhe nos olhos e lhe desejei uma boa tarde, disse que estava com saudade. Mas não fui tão intensa quanto desejava ser. Rapidamente falamos sobre nossas vidas. Eu só gostaria de faze-lo pensar que eu não sentia mais todos aqueles sentimentos infantis. mas eu sentia.

Enquanto lhe perguntava sobre a vida me perguntava: Será que o destino nos uniria mais uma vez? Será que quando menos esperasse estaríamos juntos? Será que ele está tão inseguro quanto eu?

E a tarde se foi e eu nem vi. Agora me vejo sentada perante a janela pensando em tudo o que deveria ter sido dito, em tudo que eu deveria ter evitado falar. E eu sinto falta dele, mais uma vez.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sobre o tempo e as coisas que não sei

O dia passava acelerado e impetuoso diante àqueles olhos verdes, aqueles olhos que outrora transbordavam felicidade. O fim do dia lhe mostrava que era o fim, o tão esperado e temido fim. Mas seria este realmente o fim? Porque todo o fim é o começo de algo novo.

Dizem que a relatividade do tempo é o que traz a beleza do momento, dizem que a vida é aquela coisa bela que quando paramos para ver já passou. É incrível como os sentimentos mudam com o tempo, aquelas lembranças que outrora foram angustiantes hoje em dia chegam a fazer sorrir. É contraditório o modo como as pessoas sentem.

Eu acho difícil me entender perante a incógnita da vida, é difícil nunca se contradizer ou nunca sentir o que nunca esperou sentir. O posicionamento que as pessoas nos exigem, muitas vezes, exisgem muito mais de nós do que o que sabemos que existe. Porque somos assim, uma grande contradição, uma caixinha de surpresas. E eu, certamente, sou um bolo gigantesco de confusão.

Nunca mais sentiremos a pureza do primeiro amor, nunca mais sorriremos pela primeira vez e, infelizmente, nunca mais poderemos descrever com precisão todas aquelas terríveis e temíveis primeiras experiências. Porque na vida o caminho que nos leva não é o mesmo que nos traz.