quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

I'll love U until the end

Os anos passaram como dias para ela. É como se sem ele o tempo não contasse, não fizesse sentido. Ela se sente vazia por não conseguir se livrar da dor que o medo gera por não encontrá-lo mais. E tem medo. Medo de não saber como agir, se um dia – por um milagre de Deus- ele resolver ficar com ela.
O medo quando encontra a dor se tornam aliados. Não tem como evitar sentir medo da dor depois de um dia tê-la provado. A dor dilacera o homem, enquanto o medo faz este evitar tudo, e qualquer atitude que possa levá-lo ao prazer. Pois depois da felicidade, sempre acontece algo ruim, que te faz perder os sentidos, que te faz esquecer de quem você é.
Os caminhos da vida não foram fáceis para ela; era como se em pouco tempo ela tivesse envelhecido emocionalmente. Não via mais o prazer das coisas simples. Era como se todos a quisessem distrair; mas isso não importava mais, porque ela aprendeu a fingir ouvir quando não quisesse prestar atenção à alguma coisa.
O tempo deixou-a fria e apagou o fogo intenso que existia em seus olhos. Você pode morrer, mesmo e continuar vivo. Ela se sentia morta, mas tentava esconder de tudo e todos que ela ainda sentia falta dele...
Ás vezes, até, ela se perguntava “Será mesmo que Deus existe?”; ela não entendia como um ser tão bem classificado pudesse fazê-la chorar e perder a fé. É como se tudo isso tivesse acontecido para provar a ela que ninguém pode mudar os seus atos; que a dor –e somente a dor- é capaz de enobrecer o homem.
Quanta bobagem! Ela estava cansada desse jogo. “Volto-não-volto” para ela isso tinha nome: indecisão. E ela já estava cansada de amá-lo, e de sobreviver por um fio... Ela desistiu de nunca desistir, e resolveu que a sua vida iria acabar agora.
A primeira coisa que passou em sua cabeça foi: “será que ele se importaria?”. Mas quanta idiotice! Por que ela –logo ela- deveria se importar com ele? Ele não se preocupava em se preocupar em como ela se sentia ao vê-lo passar pelos corredores acompanhado de pessoas que eles – à algum tempo- passavam as tardes criticando e comentando.
Ela resolveu que se nada fazia sentido, qual seria o sentido de se importar com quem a amava? Onde estava o motivo que a faria seguir arduamente até o fim, se não havia como escapar da dor incessante de pensar e de se lembrar do passado?
“Na verdade, o passado é passado porque ele não volta” pensou ela “Mas se ele não volta, por que eu ínsito em lembrá-lo todos os dias?”. O tempo corria rapidamente mais uma vez. Era incrível como o medo, a indecisão, o orgulho e a esperança a faziam hesitar. “Será que um dia eu seria capaz de encontrá-lo de novo? Será que nós ainda ficaremos juntos? Será que vale a pena esperar por algo que jamais pode vir a acontecer?”. Dúvidas, dúvidas, duvidas.
Resolveu, então, acabar com isso de uma vez. Cansou-se de viver em um mundo onde seus desejos eram apenas desejos; nunca realidade.
Foi então até o banheiro, passou pela sala – que estava sendo iluminada pelo sol da meia-noite-, passou pelos quartos de sua casa. À cada passo de sentia mais confiante de seu destino, e de seu –em breve- ato.
Chegou então ao banheiro. O cheiro de pinho que provinha da madeira do armário a encheu de dúvidas novamente. Pinho era o cheiro predileto dele, e a fez lembrar-se dos tempos de moça, onde ela pensava que tudo duraria para sempre. Doce ilusão.
Foi diretamente ao gaveteiro do armário que cheirava a pinho – e respirou fundo, pois aquele cheiro, de alguma forma, a fazia seguir em frente. Pegou a gilete que seu pai usava para se barbear*. Foi para o seu quarto, e lá pegou o primeiro caderno que encontrou; e o álbum de fotografias.
Escreveu no caderno tudo que sentia, e então...
Passou a lâmina da gilete recém-adquirida, sobre seus punhos. Não com força suficiente para cortar-se, apenas para deixar um arranhão em uma pele. Calculou a dor que sentiria ao cortar-se, e lembrou-se que era mais eficiente se fizesse o corte na vertical.
Seu corpo estremeceu, como se implorasse à ela não fazer isso; como se dissesse constantemente à ela que fazer aquilo era precipitar-se. Mas ela estava decidida. Não haveria volta.
Colocou, então, a lâmina gelada em seu corpo quente. E aos poucos foi aprofundando a gilete. Isso doía! Mas a essa dor seria a ultima que ela teria que passar. Rasgou então as três veias existentes no pulso, e isso arrancou muito sangue.
Enquanto perdia sangue, resolveu se lembrar –ao menos mais uma vez- da face de seu amado. Abriu então o álbum em uma foto antiga, onde aparecia o casal linda e profundamente apaixonado. E então, pela ultima vez, em seus lábios um sorriso foi formado; ao mesmo tempo em que pensava “Eu vou te amar até o fim... Eu vou te amar até o fim”.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Vulgo à verdade


• Durante nossa vida toda, nos ensinaram que a vida é escrita exatamente por alguém impiedoso, que não irá perdoar nossos erros. Não nos disseram que nossos erros e acertos poderiam ajudar muito a sermos felizes no final...
• Ensinaram-nos que amar é conseqüência de ser humano, e que nós somos os únicos seres capazes de amadurecer e levar um relacionamento pra frente. Não nos disseram que existem humanos que não montam um relacionamento com as bases do amor, e nem mesmo nos falaram da existência de seres humanos egoístas, possessivos e animais (que nem ao menos chegam a serem humanos).
• A vida toda nos disseram que os problemas dos outros não eram nossos problemas, e que nós poderíamos sim ajudar o próximo, mas isso era algo que só poderíamos fazer quando nossa vida já tivesse completamente perfeita. A verdade é que se formos esperar a perfeição para ajudarmos os outros nunca ajudaremos ninguém. Porque a perfeição é inexistente. E ela não ocorre na vida de ninguém. Nunca nos disseram que ‘ter uma vida perfeita’ muitas vezes depende da gente, e do nosso conceito do perfeito-imperfeito.
• A vida toda nos disseram que pai e mãe não tem filho predileto, ele apenas tem que depositar atenção maior a determinado filho. A verdade é que todos nós sempre temos alguém com quem nos sentimos melhores. Isso independentemente de sermos pais ou filhos. O amor não pode ser medido para ser igualado.
• Ensinaram-nos que só seriamos completos se amassemos alguém, e se esse amor fosse correspondido. Nunca nos disseram que é muito mais difícil amar alguém do que a si mesmo. Nunca nos disseram que o amor também pode não ser correspondido. Nem ao menos, que por mais que você ame alguém você jamais poderá dizer que era ela com quem você deveria estar em determinado momento. Pois a verdade é que nós não sabemos se temos um caminho, um destino ou se tudo é mero acaso...
• Nos ensinaram que nós somos seres inteligentes e que apenas nós pensamos no planeta. Mas me pergunto: onde está a nossa inteligência humana quando matamos os seres “menos- desenvolvidos” do que nós, ou quando matamos à nós mesmos. Nem mesmo o pior dos animais é assassino da própria espécie. Apenas nós matamos a nós mesmos...
• Sempre nos ensinaram que a mulher era o símbolo da família; que um dia todas as mulheres teriam filhos e a maternidade é a coisa mais bela que esse mundo pode nos oferecer. Nunca nos disseram que existiam mães que não queriam ter seus filhos, e nem mesmo que haveria mães matando filhos um dia...
• Ensinaram-nos que você nunca iria se acostumar com a dor, e que você deveria lutar pra ser feliz. Mas a verdade é que você se acostuma com tudo nesse mundo, você não pode evitar sofrer, assim como você não pode evitar respirar. O sofrimento é algo que está embutido no nosso universo.
• Nos ensinaram que a única razão que devemos seguir é a do coração... Nunca nos disseram que um dia seria muito mais difícil seguir o coração do que a nossa razão. Não nos disseram que o orgulho nos atrapalharia a dizermos exatamente o que gostaríamos para alguém, e nem mesmo nos disseram que as vezes o nosso coração poderia mentir à nós mesmos...
“A verdade é que todos nós procuramos nas coisas algo que tire nossa dor, algo que nós faça sentirmos um pouco mais humanos. Porque pensamos ser humano ser felizes para sempre...”