sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O que você não vê


Olho nos seus olhos,
Olhos castanhos, conhecidos e amados.
E tu olhas em meus olhos,
Será que me vê?

Acreditei tanto tempo no destino,
Confiei que ele lhe traria para mim.
Te dei casa, amor e carinho,
Fiz de tudo para que tivesses sempre o melhor de mim.

Desejei sempre, ao menos um pouquinho,
Sempre quis aquele espaço, mesmo que tão pequenino.
Achei que um dia ele cresceria e floresceria.
Pensei que haveria algum caminho.

Mas as coisas sempre vêm a acontecer,
Daquela forma estranha, que não podemos entender.
E eu, que sempre estive aqui, esperando um pouco mais,
Fiquei sozinha, lamentando porque conosco não poderia sonhar.

E agora você vem me dizer,
Que sempre foi sincero, tenro e honesto.
Vem me falar de coisas que eu não mais me interesso.
Não, não venha, porque para ti, eu não regresso.

sábado, 29 de setembro de 2012

Sobre coisas, falta e a substituição


A gente procura por boas formas de se contentar: um cabelo novo; o resgate do que, um dia, lhe foi um hobby; ver televisão; tirar fotos... Enfim, qualquer coisa para deixar de sentir. É que o que lhe foi tirado não volta, não é substituível, é coisa determinada e certa; é infungível.
E você amava tanto aquilo que você se pergunta como viver com a falta que a coisa lhe faz. Como viver em um mundo onde lhe falta tudo: amizade, amor, carinho, confidência... Enfim.
Aí você percebe que não tem danos morais e nem materiais cabíveis; que o seu direito não foi tutelado pelo Estado. Você percebe que não tem como: você vai ter que se acostumar; vai ter que viver sim, mesmo que caiba um Jeep dentro daquele rombo no seu coração, mesmo com a injustiça que lhe foi feita.
Aí é a pior fase: essa é a fase que você tem que fingir – para você mesmo, principalmente – que aquilo nem lhe faz tanta falta; que era tudo apenas a ilusão da propriedade privada e que você deveria acatar as ideias Marxistas e viver em um mundo coletivo, onde tudo é de todos e nada é de ninguém.
Você se convence por algum tempo, você se sente feliz por algum tempo, mas tem horas que a falta fala mais alto e você precisa urgentemente chorar a falta novamente.
Tudo isso até o dia em que você, quando menos espera, encontra um substituto para a coisa que lhe falta e até ela ir embora novamente.
Estaria tudo muito bom se eu estivesse falando de coisas, mas não estou. Estou falando de pessoas e dessa sociedade contemporânea que troca tudo e todos como coisas. Nesse mundo em que uma pessoa que lhe é importante, dois meses depois já não é. Da substitutividade absurda, dessa sociedade líquida – como dizia o bom e velho Bauman – que substitui, que abandona, que trata tudo e todos como coisas passíveis de substituição.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Vinte de Abril


“Quando a gente gosta por tanto tempo de uma pessoa tão próxima, eu acho que a gente não precisa de grandes declarações ou de belas palavras. 
Acho que o amor acontece quando tem que acontecer. É natural. Não dói. Mas acho que de alguma forma você tinha que saber disso formalmente, mesmo sendo você que me conhece melhor que ninguém.
Você, que sabe de toda e qualquer reação minha. Que conhece o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Você que me ensina o que é melhor pra mim.
Na minha cabeça é fácil confundir você e eu; me é fácil fazer de nós um, falar de nós como ‘agente’ e buscar um modo de fazer ‘nosso’ o meu caminho.
Sinto muito se confundi tudo, se éramos para ser somente carinho, somente adoração, admiração, sei lá... Acho que a proposta era sermos qualquer coisa, menos um.
Sinto muito se ao tentar olhar nas entrelinhas eu confundi carinho com paixão, se confundi cuidado com ciúme, se confundi você com tudo o que eu mais sonhei para mim.
Me desculpa por ter estragado nossas promessas de ‘para todo o sempre’ ao ter pensado que o meu futuro seria o mesmo que o seu.
Como eu disse, acho que quando a gente fica perto de alguém por tanto tempo, e sente algo tão forte por alguém, não dá pra buscar somente amizade ou para querer somente perto. Acho que de alguma forma o amor aconteceu, pelo menos para mim. 
E é disso eu me arrependo...”

domingo, 23 de setembro de 2012

Um dia deixa de fazer falta

Um dia deixa de fazer falta, eu tenho tentado me convencer. Um dia a gente para de sofrer e o tempo toma o destino em seus dedos, eu fico me repetindo.
A verdade é que eu não tenho me dado tão bem assim longe de você, na verdade eu nem sequer tenho estado em mim longe de você.
Eu me acostumei com as conversas de fim de dia, me acostumei com o modo como eu te contava todos os meus problemas e você me ajudava a achar soluções. Me acostumei com a sua presença, mesmo quando você estava distante.
Não quero viver dentro desse hiato entre as vezes que você vem falar comigo e as vezes que eu me rendo e vou te procurar. Não quero viver com esse conhecimento vazio que se apodera de nossas conversas. Não quero deixar de ser quem eu fui pra você, mas também não quero abdicar de ser quem eu nunca fui e sempre sonhei em ser.
Tenho vivido essas controvérsias por bons e belos motivos. Pelo nobre, pela honra, pelo orgulho... Ou simplesmente pelo fato de que eu não conseguiria permanecer perto sabendo do quão intocável você se faz à mim.
Acho que eu me convenço em fugir todas as vezes que escuto você. ou quem quer que seja, dizer o nome dela. O nome que me corta como se tivesse navalhas, que me faz correr, que me faz parecer tão frágil.
Pra ser sincera, eu nem sei mais como prosseguir com essa historia. Eu só posso continuar esperando que um dia você deixe de fazer falta, esperar que um dia eu esqueça o quão doce foi ter você na minha vida amarga.
E sei lá se um dia algo volta ao seu lugar. O problema é me acostumar, mudar meu paradigma e reestruturar minhas bases e achar outra pessoa que me permita confiar tanto quanto um dia eu confiei em você.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sonhos, palavras, momentos.


Olhos abertos me fazem ver, 
Tudo o que seria um bom motivo para lhe querer.
Ah, quanto eu honestamente sonhei em lhe dizer...
Tudo que gostaria de lhe deixar saber.

Meus sorrisos são acolhidos
Pelo seu olhar destemido.
Daria o mundo para não mais ter que viver assim, tão sem sentido...

Sua voz doce me envolve em pensamentos
Sonhos, palavras, momentos…
Todos seriam bons, e lamento, porque você jamais saberá de seus encantamentos

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

E eu sonhei...


E eu sonhei. Sonhei com um dia belo de amor e felicidade; sonhei com olhos que hoje vejo não desejar possuir; sonhei com pessoas que não mereciam fazer parte daquele sonho.
Porém, como depois de toda noite, o sol veio me mostrar que sonhar muito com pessoas poucas não faz desse meu sonho acessível. Sonhar não é um pré-acesso ao seu sonho, e sim lutar por ele. E eu sempre soube que só vale a pena lutar por aquilo que se vale a pena possuir.
Então, entenda essa batalha como terminada, entenda essas minhas palavras como um adeus e entenda que você foi um sonho pintado como belo, mas depois se tornou nada alem de um pesadelo conturbado. 
A manhã me mostra hoje que tenho muito mais dias para viver, muitas noites a mais para sonhar e muitas batalhas a lutar. E sonhos de inverno jamais deixariam-me ganhar.

Novembro de 2011

Rimas pra quê?

Eu já me cansei de toda essa história de vai e vem. Já cansei do fato de você me ter quando lhe convém. Eu já nem sei se ao menos você me quer bem ou sou apenas mais uma no seu harém.
Chegou a hora de eu cair na real, chegou na hora de eu perceber que você não é, que você não pode ser, o tal. Esse rolo não esta me deixando legal. Então chegou a hora de dizer tchau pra’quela sua carinha angelical.
Então chega de beijinhos. Chega de coraçõesinhos. Chega de tanto carinho. Chega de ti, ao menos um pouquinho. 
Chega de me fazer importar, chega de me fazer querer matar qualquer outra que cobice o que eu acho que é o meu lugar. Eu sei, dessa vez não vai dar pra voltar.
Eu me lembro de quando você foi embora. Eu me lembro que você prometeu na hora, "chegando aqui você ainda me namora". 
Eu acreditei em cada palavra pequena, mesmo que soubesse que a mentira era de dar pena. Eu acreditei em você, e foi por isso que eu fiquei tão mal na minha própria cena. 
Você não mereceu todo o carinho que lhe dei. Você não mereceu nem ao menos o sonho que com você sonhei. É, eu sei que não foi muita coisa, mas aquele pouquinho fui eu quem planejei.  Então é melhor dizer que por aqui parei, porque você não se importou com a importância com que eu me importei. Tudo o que eu tenho a te dizer se resume, apenas, em um “cansei” e talvez em um “não me diga que eu não avisei”.

9/10/11

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Como você sabe

Você sabe quando você ama alguém quando você fica relendo a sua conversa do dia com aquela pessoa, quando você faz isso todas as noites. Só pra saber se o que você entendeu não era uma ilusão ou se a sua resposta não era superficial e incompleta.
Você sabe que você ama alguém quando um sorriso espontâneo aparece no seu rosto quando você pensa nessa pessoa, mesmo sem qualquer comando de sua parte.
Você sabe que você ama alguém quando, mesmo que as probabilidades nunca estiveram ao seu favor, você nunca desistiu de espera-lo na chuva. Por todos esses anos...
Você sabe que você ama alguém, quando você tenta juntar remendos de palavras e colocar nas entrelinhas o que você queria ouvir; quando você pede para Deus, todas as noites, coloca-lo no seu caminho e quando você tem apenas um pedido em mente: conquistar o coração dele.
Amar não é de uma hora para outra, vem com o tempo. E quem ama de verdade, ama com todas as qualidades e defeitos que essa pessoa possa carregar.
Você sabe que você ama alguém quando, somados todos os defeitos, seu coração ainda sente que aquela pessoa valeria a pena.

domingo, 26 de agosto de 2012

Quis eu...

Eu costumava achar que nos tínhamos tudo que precisávamos. Achava que era questão de tempo até você cair nos meus braços. Eu sempre achei que era coisa Divina, destino, sina... Entenda como quiser...
Eu me aventurei por muito tempo nas curvas da incerteza, me escondi muitas vezes no que eu sempre quis acreditar que fossem palavras que diziam um pouco mais do que você literalmente disse.
E ai, quando coloquei tudo a perder, você veio com aquele papo de "somos muito mais do que somos" e me fez acreditar que, por mais que eu não te ganhasse, ainda sim eu não te perderia jamais.
Nem preciso dizer que você me convenceu a ficar tão proximamente distante do que eu mais sonhei. Mas ainda sim, achei que bastaria.
Eu aceitei me diminuir mais e mais a cada dia, aceitei migalhas suas e achei que, dando tudo que possuía de vida dentro de mim, eu poderia ter um pouco de você também.
A minha ilusão foi acreditar em um futuro para nós, foi buscar detalhes inexistentes e carinhos impossíveis de alguém indiferente.
O meu erro foi esperar tanto você ligar, que me esquecia de atender quem batia na porta; foi não deixar ninguém mais entrar por ouvir quando você dizia que ele não bastava; foi pensar que um dia você pertenceria a mim....

Cansei

Cansei de buscar respostas nas minhas perguntas, de ouvir explicações nos seu silêncio, de buscar saída no labirinto que você me colocava a cada nova palavra que dizia.
Pensando bem, cansei de buscar remédio para o incurável, de recitar palavras pro vazio, de me esforçar para ser um nada que você gosta de ter como seu animalzinho de estimação.
Cansei da injustiça de ter você na minha vida, porque, honestamente, eu cansei de você.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Estranho

Parece estranho ouvir alguem dizer que você esta fazendo errado, mesmo que você tenha essa sensação 24h por dia. 
Parece estranho olhar para o lado e pensar que você é a única pessoa que não se encaixa, que falta-lhe um pedaço, que algo em você lhe faz insuficiente para o resto do mundo.
É, é realmente estranho ver que, lá fora, todos se sentem completos - ou fingem, apenas- enquanto, dentro de você, esta tudo devastado.
Ai você fica buscando maneiras de fazer parecer-se mais alegre, mais bonito, menos vazio. Porque você acredita que, se você fizer parecer, uma hora você vai acreditar nessa mentira.
E eu, realmente, acredito que devemos ser quem somos, mas fica difícil ser quem somos sendo que nem ao menos temos uma resposta para a grande pergunta "o que eu quero da minha vida?".
Acho que tudo isso começou quando olhei para o lado e me vi abandonada, desprezada por quem eu achei a jamais o faria. Acho que começou ai...
E eu acho que, todo mundo, fine se importar quando, na verdade, ninguém se importa.
É ruim não se encaixar, é ruim se sentir perdida, e é horrível pensar que tudo isso é por culpa nossa, por termos nos dado tanto à alguem, que nos deixou um imenso buraco no peito, deixando apenas destruição quando se foi...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O fim é uma certeza


“Aos poucos o céu ia se pintando do rosa tardio de todos os dias. O sol ia se escondendo gradualmente, dando, à todo aquele cenário, um brilho fúcsia.
O vento balançava os meus cabelos e me deixava gelada, mas o gelo do meu corpo não poderia ser comparado com o do seus olhos. E eu só procurava um bom motivo para não tentar, talvez inutilmente, derreter todo aquele gelo.
Aquelas crianças brincavam daquela forma pentelha e barulhenta de sempre, e você as observava com os olhos de um sonhador - aqueles que eu tanto amava.
E se aqueles olhos, aquele sorriso e aquela expressão não fossem suficientes para que eu implorasse por você, nada mais o seria. O tempo todo eu soube e, mesmo assim, por todos aqueles segundos eu desejei que o fim não tivesse chego. 
- Por que você me chamou aqui? - Você me olhou com aquele olhar de desprezo, que tanto me doía e me dava vontade de desabar, só pra ver se você permanecia assim, intocável. Mas eu me segurei e nem ao menos disse que você não precisava agir assim. 
- Eu tenho tanta coisa para dizer... Tanta coisa... - Eu ainda não chorava, mas me balançava, como se procurasse inconscientemente uma forma de permanecer inteira. Parecia que cada palavra sua arrancava um pedaço meu, elas ardiam, machucavam. 
- Ah, então fala logo! - Você virou seus olhos para cima, como se fosse idiotice de minha parte tentar falar com você. E, talvez, realmente fosse. 
Mas eu resolvi não olhar para você enquanto as palavras se formavam na minha mente e, consequentemente, nos meus lábios. Desviei meus olhos de todo e qualquer pedaço de você que eu poderia encontrar visível.
- Eu... Eu não entendo...- E fiquei quieta, deixando as reticências erguidas, como se fossem auto-explicativas. 
- O que você não entende?- E aí eu me senti uma idiota, um desperdício de espaço, como se todo o meu esforço fosse insuficiente para trazer uma faísca para dentro de você.
- Eu não entendo porquê eu não posso... Ah, deixa pra lá! Posso te fazer uma pergunta?- Eu estava tremendo, sentindo o canal lacrimal ardendo, como se as lágrimas estivessem próximas à borda. 
- Sim, pergunta...
- Você ainda pensa em mim?- Eu não me atrevi a olhar para cima. Seria humilhação demais!
- Não sei.
- Como assim não sabe? É a sua cabeça, só você sabe o que pensa... 
- Às vezes... Às vezes eu penso.
- Que vezes?
- Sei lá, quando eu te vejo, algo assim!
- E por que tem que ser assim, hein? 
-  Não sei, a gente não deu certo, não funcionou...
- Mas eu ainda penso em você, ainda gosto de você...
- ...
- E você? Ainda sente algo por mim? 
- Ah, não é assim... Não é só sentir ou não alguma coisa. Nada mais é a mesma coisa. 
- Eu sinto a sua falta, sinto saudades de gastar tempo com você, de falar besteira...
  E, sem perceber, olhei para cima, olhei pra você. Eu desejei, por um segundo, por mais que eu soubesse no fundo de mim que nós dois éramos errado, poder mudar o eu e você que deixamos para trás. 
Você veio mais perto, e eu consegui sentir seu cheiro, aquele que eu conhecia de cor. Te abracei em um segundo, num ímpeto, como se nunca antes tivesse te abraçado. Beijei o seu rosto, senti a sua boca na minha. E era tudo como se fosse pela primeira vez; como se estivéssemos nos beijando pela primeira vez. 
O beijo ainda era o mesmo e o sabor não tinha mudado. Mas algo dentro de nós mudou, era como se tivéssemos percebido o quanto o fato de nós dois sermos errados  um para o outro era uma certeza, como se você fosse certo e garantido para mim.
- Eu te amo...- E dessa vez foi você quem começou a falar. 
Eu também te amo, você sabe disso
E, mais cedo do que eu esperava, mais cedo do que eu poderia desejar, eu acordei. E descobri que você nunca havia voltado, que nós nunca havíamos nos beijado novamente - nem se quer tínhamos nos visto de novo. Nós não amávamos mais um ao outro. 
Tudo não havia passado de um sonho, mesmo que eu desejasse que fosse real. Nós dois fazemos um par melhor separados. E essa, talvez, tenha sido a única coisa certa que nós fizemos enquanto estávamos juntos: dizer adeus.
Hoje eu sei...”
30/08/09

domingo, 17 de junho de 2012

Sei lá


Sei lá. Sei lá sobre o vazio das nossas palavras, sei lá se ficou alguma coisa a ser dita, sei lá se eu estou apenas passando por uma fase ruim.
O que eu sei é que eu quero distância, distância de todo o seu sucesso em destruir tudo à sua volta, do seu egoísmo incomparável e de você, que conseguiu sempre ter se importado única e exclusivamente com você mesmo. 
É engraçado dizer que o melhor de mim foi o que me fez pior, foi o que me fez escorregar, foi o que me fez me calar diante do nada que eu me tornei por estar ao seu redor: apenas mais uma garota profundamente encantada com a máscara que você pintou para si. 
E não é que eu não sabia; eu bem sei que as pessoas são, em grande maioria, auto destrutivas; sei que quase ninguém se importa com os hiatos de caráter e que todo mundo diria que essa sou somente eu mesma, sendo quem eu realmente sou: um drama vivo.
Mas acredito que sentir por sentir é vazio; que amar por amar é idiotice e que conviver com as pessoas sem se envolver é simplesmente inútil. É por isso que eu sou assim: alegre quando alegre, contente quando contente e chorona quando sinto aquele maldito aperto no peito. 
“E nem o mais profundo mar
conseguiu apagar o brilho nos olhos
e o sorriso tão ímpar dessa Mona Lisa”

terça-feira, 1 de maio de 2012

Incompletude


Alguém já deve ter se sentido assim, tenho certeza de que não sou a única que sente o vazio que se forma diversas vezes, em diversas dimensões diferentes, quando o fim chega. 
Por mais que tudo tenha ficado bem, parece que ainda falta aquele pedaço que te liga ao mundo real. É como se um dos fios que te prendem à realidade tivessem sido cortados e que, agora, você pendula a mil metros do chão entre a felicidade por ter vivido aquilo tudo e à falta que aquilo lhe faz. É como se você tivesse passado anos vivendo aquela situação e, de repente, tivesse que abandonar tudo. É como dizer adeus à alguma coisa que sempre estará à uma distância irrelevante dos seus dedos.
É desgastante, sem dúvida, mas a sensação de ter estado ali, ao mesmo tempo, é tão real e gratificante, que mesmo a sensação de falta e incompletude vale a pena. Gratificante é a palavra. 
Aí você tenta se prender em tudo o que não foi dito, tenta preencher os vazios, completar, à linhas tremulas, o que falta e tenta colocar um sentido completamente seu à tudo aquilo que lhe foi passado. Não, você não procura um significado genérico; procura um especial para você, porque cada experiência é unica à cada um. 
Então, se dá o momento em que você sente que precisa viver aquilo de novo, e de novo, e de novo. E, mesmo sabendo que aquela experiência jamais será resgatada, você se prende à única forma plausível de não perder aquilo para sempre. Você revê cada singelo passo e revive aquele universo de novo; tentando re-imaginar todo aquele mundo, todas aquelas cores e todos aqueles sons que uma vez estiveram lá.
E quando termina de repassar as lembranças, você sente esse vazio se repetir e se repetir. Porque uma parte de você esteve ali, você sabe que sim. Uma parte mágica, diferente e mais corajosa de você esteve ali. E ela sempre lhe será acessível. É o único consolo.
É assim que você fecha o livro, relê a contra-capa e fica em silêncio, tentando absorver tudo o que você acabou de vivenciar.
Eu tenho certeza de que não sou a única que vive esse vazio à cada livro lido, à cada história terminada. Porque esta é uma das melhores sensações que a leitura lhe proporciona: a certeza de visitar lugares com outras vibrações, com sons diferentes e ser alguém completamente novo. 

sábado, 24 de março de 2012

Crescer...

Um dia você deixa de se importar com o número de companhias, e passa a se importar com a qualidade delas.
Aprende que ficar sozinho não é tão ruim. Quando você passa a se conhecer bem, percebe que voce é a única pessoa essencial à você mesmo.
Maturidade não é deixar de ver desenhos animados, parar de jogar vídeo game, não é começar a investir na bolsa de valores e gostar de política, não é ter carteira de motorista e título de eleitor. Maturidade é se conhecer bem e saber exatamente todos os seus atos e a motivação deles, é assumi-los e ser forte o bastante para dizer um "eu errei", quando isso acontecer.
Maturidade é saber que, para alcançar o seu objetivo, não precisa passar por cima de ninguém, não precisa mentir, enganar. Você aprende a ser sincero não apenas com os outros, mas principalmente com sigo mesmo.
Você aprende com o tempo que nada é impossível, que o impossível requer apenas força de vontade e dedicação para se tornar possível, e que, assim, tudo pode ser realizado. Aprende a se levantar de cada queda, independentemente da altura dela. Você começa a limitar os seus dias de tristezas ao essencial para aquilo passar, não fica mais arrastando a dor consigo por anos e anos afim.
Na vida você percebe que pouco importa quem sai ou quem entra, o que importa é quem fica e quem sempre estará lá quando você precisar.
Importa ser verdadeiro, completo, viver intensamente, sorrir diversas vezes ao dia e se dedicar àquilo e à quem te faz bem, ao que tilinta e faz crescer o seu coração.
Você percebe que o verbo da palavra "vida" menos é "viver", e muito mais é "sentir". Porque só vive com alegria aquele que se dedica plenamente ao que sente.
Crescer é realmente difícil, não por deixar o belo e o inocente para trás, não por abandonar a segurança do ninho e abrir suas asas para o mundo. Crescer é difícil pelo simples fato de que o mundo nos deu um conceito turbulento sobre crescer, sobre liberdade e sobre alegria. A realidade, na hora que se mostra, nos alerta as diferenças entre a expectativa e o que é real. E crescer é isso: é não mais chorar pelas expectativas, mas se alegrar pelo o que a vida nos trás. Se fosse fácil, não seria tão bonito.